Penso que o
João Carvalho Fernandes não me leva a mal, (re)dizer aqui, que ele é a minha grande referência de exemplo vivo sobre como a lealdade, a solidariedade e a boa estima (o tripé de uma amizade digna desse nome) podem existir entre pessoas com pensamentos polÃticos e ideológicos colocados nas antÃpodas ou por lá perto.
Eu e o
JCF teremos quase tudo para divergir - na polÃtica, nos partidos, na religião, no clube de paixão, na forma de vestir a vida e de a exteriorizar ou interiorizar. Mas temos três aspectos em comum – o gosto pelas bandas da Serra do Açor, o sentido da solidariedade perante a injustiça (que nunca tem cor e é praticada, aqui e ali, em nome de todas as cores) e o prazer pela fruição dos
puros (talvez daÃ, venha a antipatia, também comum, pelo ditador da
ilha dos habanos que já não os fuma nem merece que antes os tenha fumado). Andámos pela mesma empresa e eu fiquei com uma dÃvida de apoio solidário para com ele que nunca vou poder pagar. Nem tenho de o fazer, porque isto são coisas que não se
pagam. Tudo à volta da liberdade de expressão, coisa sagrada para ambos, e que, ao fim e ao cabo, acabou por ser treino para andarmos aqui pela blogosfera, cada um pelo seu canto. Ou que serviu de pretexto para retomarmos, noutro contexto e âmbito, uma via de expressão que nos foi oprimida.
Ele anda lá pelo partido do Manuel Monteiro (chiça, penico) e eu cá vou indo pelo anarquismo individualista da esquerda inconformada e renitente.
Gosto da forma lúdica, culta e multifacetada como ele constrói e alimenta o seu decano
Fumaças. Não concordo com as cordas com que ele atrelou o seu blogue ao PND do Monteiro. Mas, pela voz livre e independente que ele revela, aprecio e não perco as suas tomadas de posição e que são inspiração para não me dogmatizar nas minhas (des)crenças e (in)certezas.
Vem isto a propósito de quê? Bem, do facto de constatar agora mesmo que ele, tendo colocado há pouco tempo um post que me pareceu
pró-turco (em termos de adesão da Turquia à União Europeia), mas sustentado em argumentos, ter, com toda a naturalidade plural, transcrito uma
reveladora posição dos “Repórteres Sem Fronteiras” e que atesta bem a quantas milhas a Turquia está ainda (registados os esforços adaptativos, que também existem) das regras mÃnimas do convÃvio democrático e do exercÃcio da liberdade de expressão. Esta naturalidade com que ele coloca vários ângulos, é mesmo dele,
JCF. Saúdo-o e por aqui me fico.