Quinta-feira, 14 de Outubro de 2004
Finalmente, o
CMC apresentou argumento de peso para defender a adesão da Turquia à UE:
Basta reflectir um pouco e pensar no que era o Estado turco há umas décadas e como ele está na actualidade, sobretudo no domínio do controle por parte dos militares.
Considero-o um Estado perfeito? Não. Longe disso. Mas, foram muitos os esforços da Turquia. Tais mudanças, substanciais, devem-se ao querer, legítimo (do meu ponto de vista), de este grande país querer aderir à UE.
Pela medida deste grau de exigência, quem não entra? É entrar, senhores, é entrar
Quanto ao Jumento, ele opinou:
Confesso são muitos os argumentos nos dois sentidos e que não tenho uma opinião definitiva sobre a questão, mas interrogo-me sobre quais os resultados se alguns países europeus tivessem referendado a entrada de Portugal; esta do referendo francês cheira a cobardia política.
Naturalmente que um referendo se justifica quando há dúvidas sólidas sobre a vontade pública em aceitar uma decisão política relevante (de grande impacto, com efeitos sensíveis). E, concorde-se ou não com a admissão da Turquia, não há dúvida que com ela, a União Europeia é (ou seria) algo de substancialmente diferente do que é hoje (dos pontos de vista social, económico, político, cultural, dos usos e costumes, até geograficamente). Quando da adesão de Portugal e Espanha, se não houve referendo nos então países membros, foi porque não foram questões polémicas. E porque é que cheira a cobardia política os franceses referendarem a adesão da Turquia? Não é muito mais condenável que, em vez do debate e da ponderação, se faça uma entrada de tremendo impacto assim, mansamente, como uma decisão de arranjo de cúpula transformada em acto de burocracia geoestratégica como facto consumado?