Quinta-feira, 9 de Dezembro de 2004

SULITÂNIA MARIANA OU COMO FUI ABANCAR A UMA ANTIGA FÁBRICA DE MOAGEM

Imagens antigas 071.jpg

Pois é, nada é perfeito neste mundo. Nem a Sulitânia, que não informa convenientemente os seus efectivos e potenciais clientes.

Na porta, afixou-se horário: fecha à segunda e não serve jantares aos domingos. E ontem, dia mariano de sol, quarta-feira, este sedento de comida alentejana e com ímpeto prazenteiro de dar um abraço de apresentação ao compadre Isidoro (que, no Vimieiro, chamam de Jaquim), pôs-se a caminho, de braço dado com a companheira, e deu com as fuças no portal encerrado, a ouvir a prédica do pároco que ecoava de dentro da bonita igreja com esbelto coreto acoplado. E achei mal que, em vez de comida, levasse com dose de homilia. Pedidas explicações aos compadres do Vimieiro para tamanha desfaçatez, veio a explicação: "ui, esse compadre não é daqui, é de Évora e vive por lá, a esta hora deve estar a rezar o terço à Nossa Senhora da Conceição lá na Capela dos Ossos e hoje até deve ser dia de o homem cumprir jejum" . Pois tudo bem. Cada qual com os seus cultos. Mas faltou o devido aviso (de que já notifiquei a DECO, para conveniente protesto junto do ex-ministro do turismo) de que o patrão da Sulitânia cumpre religiosamente os cultos marianos, acrescentando feriados apostólicos-romanos às segundas das folgas.

Acabei por abancar na concorrência para limpeza da afronta. Na excelente antiga fábrica da moagem ali a três passos, dirigida por restauradores e hoteleiros enérgicos que não perdem no negócio por mor de fanatismos religiosos, e um espanto de que recomendo visita como digestivo à fruição gastronómica na Sulitânia. E valeu a pena, sobretudo por ver entrar mais outros companheiros blogueiros que igualmente bateram com o nariz na porta fechada da Sulitânia. E, mais uma vez, confirmei que o mercado não dorme, antes se mantém atento às falhas no fornecimento de produto.

Fica pois o aviso do horário real para que outros tantos não façam a mesma da minha palerma figura – não se atrevam a meter pés ao caminho até ao Vimieiro - na estrada entre Arraiolos e Estremoz - em culto à Sulitânia, para projectos de jantares de domingo ou comedorias nas segundas-feiras mais nos dias santos. Quanto à valia nos dias certos, nada digo, direi em próxima oportunidade a tentar em dia de um santo ou uma santa que sejam pagãos.







publicado por João Tunes às 12:21
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