Quarta-feira, 3 de Novembro de 2004

LÁGRIMAS AMARGAS DE UNS TANTOS CROCODILOS

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Difícil avaliar as motivações dos votos pró-Bush. O certo é que existiram e num quadro de aumento de afluência às urnas.

Haverão motivações domésticas. Embora, sobre isto, não veja como a maioria do eleitorado possa ter escolhido assim em função dos efeitos sociais da política da última Administração versus a Administração Clinton. Mas admito que, na pátria do capitalismo, a selvajaria capitalista seja um valor estimado.

Mas há, julgo que sobretudo, motivações externas, nomeadamente sobre o papel da América no mundo e a forma como ela é olhada e estimada (o ódio é uma estima de atenção). E aqui, julgo que a maioria dos americanos reagiu em defesa da sua auto-estima, projectando-a sobre o símbolo da sua representação.

Provavelmente, os Estados Unidos nunca tiveram, como Presidente, um ser que combinasse tão bem (melhor: mal) a arrogância agressiva com o desprovimento de discernimento. E que, no primarismo da expressão do poder e da justificação do poder, se prestasse a ser tão malhado. Só que, no tanto que se malhou em Bush, os americanos sentiram que se malhou na América. E a América é o país dos americanos. Logo, os americanos sentiram-se malhados. Pois, Bush foi o palhaço e o bombo do mundo. E as performances não precisaram de ser muito imaginativas para malhar em Bush, desembocando, bastas vezes, no fácil e no mau gosto de trazer por casa. E, assim, deu talento até ao cão e ao gato.

Depois, a América está ameaçada e vive no reflexo defensivo, rondando quase a paranóia, perante os perigos reais, mais os inventados. O certo é que ninguém gostaria de lhes estar na pele.

Por fim, tudo que não acredita no voto se empenhou na fé redentora do voto contra Bush. Saltaram directamente da manif para a fé democrática, na presunção que o resultado seria o mesmo. Quantas vezes de manifs em que se deram as mãos a aliados promíscuos que existem para combater a América. E dispensam o voto em Cuba mas acreditaram que a opinião do resto do mundo ia contagiar os americanos e ensiná-los a votar bem. Ou seja, votarem contra Bush, como sinal de que eles, os americanos, odeiam tanto a América e o seu Presidente, como qualquer anti-americano.

Por tudo isto, tenho para mim que, pela vitória de Bush a que deram um jeitinho, os anti-americanos bem podem limpar as mãos à parede. O primarismo deu borrada, como costume.













publicado por João Tunes às 16:32
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3 comentários:
De hammer a 3 de Novembro de 2004 às 21:47
o tio bin aparece tão em cima do acontecimento que até faz pensar.


De Joo a 3 de Novembro de 2004 às 21:16
Caro Evaristo, longe de mim a pretensão de ser exaustivo. Apenas quiz colocar um ângulo da questão. Sobre o Bin Laden, em que se baseia para dar como adquirido que houve uma "reviravolta"? Abraço.


De Evaristo a 3 de Novembro de 2004 às 18:34
Caro João: A sua análise aponta para algumas das variáveis que levaram à re-eleição de Bush. Outras haverá, que contribuiram para tal. Tenho para mim que Bin Laden, ao apresentar-se no fim de campanha, para votar "electrónicamente" em Bush, contribuiu para esta reviravolta. Um abraço.


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