
Cerca de duas centenas de altos quadros da Unita, deixaram o Galo e transferiram-se para o MPLA.
Fizeram bem. Através do Poder, tudo é mais fácil. Assim, através do MPLA, a linha é recta, uma auto-estrada sem portagem. Uma grande chatice, ter havido uma guerra mortífera pelo meio. Mas, sem a guerra, os altos quadros seriam altos quadros? Muitos deles estiveram de um lado como podiam ter estado do outro.
Os altos quadros amanham-se depois da guerra. Para os altos quadros, uma guerra acaba quando se assina a paz. Para os outros, a guerra continua muito depois, continua nas vidas dos estropiados, dos desmobilizados agora sem préstimo, dos deslocados amontoados em Luanda porque as minas (de que todos se esqueceram onde as colocaram) estão lá, enterradas nos locais de retorno, onde se fazem as sementeiras e as colheitas, onde se vive e onde se brinca. E o retorno é uma aventura de guerra como se a guerra estivesse sempre no momento da sua maior batalha.
Para os altos quadros que fizeram e comandaram a guerra, há o petróleo, há os diamantes, há a protecção de Dos Santos, há os amigos de Dos Santos. E sem Savimbi, sobrou Dos Santos. E por isso é que há paz para uns e a continuação da guerra para outros.
Para os que sofreram a guerra, resta-lhes o espectáculo guerreiro de assistirem ao sucesso do amanho dos altos quadros que fizeram a guerra.