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Se não estou a baralhar leituras, julgo que li num jornal de hoje, que, na Indonésia, se prepara um novo Código Penal que inclui a criminalização do beijo dado em público.
Lembro-me do tempo da moral pornográfica-salazarista em que cá também era reprimido o mesmo acto, mesmo quando cometido entre legítimos esposos. O recato dos capados capadores não o permitia. E não imaginam as artes que os namorados inventavam quando as vontades apertavam. Isto será impensável para os jovens de hoje, tanto mais que se algum hábito é, hoje, esmagadoramente democrático nos costumes portugueses é o do beijo. Até se dá beijinho por tudo e por nada. Olá, estás bem? Dá cá um beijinho. Muito prazer em a conhecer. Segue-se um beijinho. As despedidas são com
um beijinho. De tanto carentes de beijos, em beijoqueiros nos tornámos. Com o único senão de se ter banalizado o beijo, tanto que quando se lhe quer dar nobreza ou calor, sabemos que vai parecer o mesmo que quando somos apresentados à vizinha do andar de cima.
Agora só lembra a governantes indonésios e alguns outros mais, a proibição do beijo em público, entrados que estamos no século XXI. Os que se deviam proibir, e bem proibidos, eram os beijos, públicos ou privados, por obrigação, os beijos que são sinais de poder, os beijos que saem da hipocrisia, os beijos de judas, os beijos por hábito, os beijos faz de conta, todos os beijos não apetecidos. Para que, neste mundo, a beleza do beijo fosse conservada inteirinha para os grandes momentos. Sobretudo, parafraseando o grande poeta Daniel Filipe, quando um beijo aparece com caracter de urgência. E a urgência quando aparece, sabe-se, tanto pode ser pública como privada.