Quinta-feira, 30 de Setembro de 2004

DÚVIDA

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Haverá alguém que consiga rimar liberdade, igualdade e fraternidade, com Fidel Castro e Che Guevara, sem vomitar a seguir?

publicado por João Tunes às 19:57
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TURQUIA NA EUROPA?

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Estou contra o plano em marcha de admissão da Turquia como membro da União Europeia.

Aliás, a proposta é exótica e o seu suporte mais consistente, misturando alhos com bugalhos, é a antiguidade da Turquia como membro da NATO, em que faz mais o papel de fornecedor de bases geoestratégicas que outra coisa. Verdade seja dita que a Turquia não tem nada a ver com o Atlântico e a sua admissão na NATO foi um entorce revelador da filosofia de “guerra fria” que orientou a criação da NATO.

Por um lado, a parte europeia da Turquia é pouco mais que simbólica. A Turquia é um país asiático e toda a sua cultura, hábitos e costumes são estranhos à civilização europeia. Com mais razões se pode considerar “europeia” a Rússia (outro país bicontinental).

O alargamento a esmo da União Europeia, tão frágeis que são ainda as últimas integrações e evidentes as exclusões que persistem, só pode acentuar as suas debilidades e transformar o projecto da construção europeia num dossier faz de conta.

Por outro lado, o regime turco tem ainda graves nódoas para limpar para que a sua candidatura pudesse, por hipótese, ser encarada – as opressões de arménios e curdos, a situação em Chipre. E por falar em Chipre, seria um absurdo admitir a Turquia como estado membro da UE enquanto a recente admissão de Chipre só implicou a sua parte grega (ficando a parte turca excluída por imposição dos cipriotas gregos). Também a eventual adesão da Turquia ia avivar feridas, nomeadamente nos Balcãs, e potenciar inimizades com servos, croatas, montenegrinos e macedónios, estes sim bem mais próximos do contexto cultural europeu.

O argumento esgrimido a favor da adesão é bem conhecido – com a Turquia dentro da UE este país estaria mais controlado no sentido da sua aproximação ao modelo democrático e diminuiriam os riscos de cair nos braços do fundamentalismo islâmico. Como se sabe o que verdadeiramente se pretende – aproveitando a embalagem da pertença à NATO, é transformar a Turquia numa ponta de lança islâmica (moderada, colaborante, amiga dos ocidentais) contra os estados islâmicos adversos. Mas um e outro argumento desfiguram a UE como projecto, transformando-a em expediente geoestratégico. E isto é o empobrecer definitivo do projecto de unificação europeia, tão trôpega que se encontra no seu caminhar.

A Turquia pode e deve ser ajudada a consolidar a sua laicidade (sempre tão periclitante) e a sua modernização (na economia, no relacionamento social, nos direitos humanos, no funcionamento de instituições democráticas, no abandono de práticas genocidas e opressoras para com as suas minorias) mas nada disso contorna a realidade asiática da Turquia.

Se a Turquia for admitida na UE, temo que os defeitos de um Estado (sob pretexto de os controlar) sejam transformados em bons argumentos de adesão à Europa comunitária. E, a partir daqui, perde-se o critério da virtude democrática, abrindo-se caminho a que os piores se cheguem à frente na fila de espera (qualquer dia, integra-se a Líbia para ter mão no Kadafi…). Tanto que há a fazer na consolidação da integração dos Estados recentemente admitidos, na preparação e ajuda às nações intrinsecamente europeias, porquê a história da Turquia? A UE como braço civil da NATO?















publicado por João Tunes às 18:26
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SERMÃO INTERROMPIDO

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- Atenção à porcaria da droga, vê lá, não aceites ofertas duvidosas.

- Tá bem, tá bem. Ok. Eu não sou parvo. E tu, porque é que fumas?



publicado por João Tunes às 16:18
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CASA ABAIXO!

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Concordo totalmente com Vital Moreira. Mais, bato palmas. Porque demonstrou, mais uma vez, que é mais fácil apanhar um demagogo que um coxo.

Moral da história: Quem tem casas de paredes feitas com dolo não nos passa atestado de tolo.



publicado por João Tunes às 15:58
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PREOCUPAÇÕES COM AS SANFONAS

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Este desconcerto governamental, pela péssima utilização das sanfonas no trato dado à pauta da causa pública, ultrapassa qualquer noção de esquerda-direita.

Com Durão-Portas, havia a noção de estarmos perante o governo mais à direita desde a reinstalação da democracia. Agora, a dupla Lopes-Portas evidencia mais desarranjo e leviandade que um qualquer posicionamento no espectro político. Porque o mais evidente e saliente é a incompetência e a falta de decoro em dela não ter vergonha, quanto mais emenda. Até nos esquecemos da água que eles levam à azenha dos interesses instalados. Porque a água é tanta que inunda os ministérios e já salta das janelas.

Falou-se muito do perigo do populismo a propósito da liderança Santana Lopes. E do perigo que representava a eventual adesão popular a uma prática de governar sem referências nem carta de marear, dando o primado ao trato das circunstâncias segundo as marés. Mas aquilo a que se assiste está longe de aí chegar. Ficarão as intenções mas falta o talento para o engano e para a eficácia da demagogia. Porque o trato da propaganda e do afagar o pelo requer um suporte que este governo visivelmente não consegue caboucar.

O risco maior agora é baixar-se demasiado a bitola da medida da qualidade da governação. Ou seja, qualquer alternativa, por fraca que seja, serve. E se este risco funciona à direita (podendo dar lugar à tentação de experimentar uma direita forte e com norte), idêntico pode suceder em contágio à esquerda. Traduzindo por miúdos, impulsionar o PS, sob liderança de Sócrates, à falta de exigência e de rigor pela fraca qualidade do contraponto. A preguiça na esquerda sempre levou à sua descaracterização. E a preguiça, na política como em tudo o mais, sempre foi mal apetecido. E contagioso. No caso, até podem dar-se recaídas. Para mais, o tal centrão dos quinhentos mil eleitores que decidem as vitórias (votando ora PS ora PSD), é ele próprio a expressão mais acabada (e suporte eleitoral) da preguiça democrática. Veremos se, à esquerda, a herança do santanismo não vai remoçar a probabilidade do regresso ao guterrismo de triste e fresca memória. Cruzes canhoto.







publicado por João Tunes às 12:52
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Quarta-feira, 29 de Setembro de 2004

DO MAL E DA CARAMUNHA

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Para ficar maluquinho de todo sem entender patavina onde vivo, só me faltava que os escândalos das sinecuras e mordomias na CGD servissem de argumento ou pretexto para os defensores da privatização da Caixa. Mas havemos de lá chegar. Ao cúmulo do descaramento santanete e ao meu desarranjo de discernimento.

Jorge, ajuda-me!



publicado por João Tunes às 16:43
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A RETROACTIVIDADE DO SOFRIMENTO

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Uma trabalheira infernal isto de se ser gestor. Os suores, antes apanágio dos proletas de outras eras, transferiram-se agora para as frontes gastas dos gestores das andanças de agora. Uns autênticos novos escravos do bem comum. O mundo e a economia globalizaram-se, a empresa de hoje já é outra amanhã, uma dança com ritmo louco que gasta e desgasta os pobres gestores. Ninguém mais sofre como eles sofrem. Como se tanto não bastasse, há trabalhadores a mais em cada canto e por tudo quanto é sítio. Eles despacham, despacham, abatem, abatem, mas sobra sempre alguns trabalhadores a atrapalhar e que é preciso que não atrapalhem a economia. Muito menos, as finanças.

Leio a justificação de Mira Amaral para a choruda reforma da CGD. Leio também que a Comissão de Trabalhadores da Galp meteu a Procuradoria Geral da República ao barulho porque há por lá administradores, herança de António Mexia, que têm mais quinze e dezoito anos de antiguidade do que os anos de serviço à casa. Pelos vistos, está a ser hábito um gestor entrar ao serviço com antiguidade retroactiva.

Um escândalo e uma ilegalidade? Por quem sois, gestor sofre, justo será que descanse com menos sofrimento que aqueles que os gestores abatem ao serviço. O dourado da vida tem de recompensar os vencedores. Ai dos vencidos.





publicado por João Tunes às 16:37
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VOLTA AO JORNALISMO, PÁ!

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Não me convencem os argumentos esgrimidos para justificar que Vicente Jorge Silva, demitindo-se de militante do PS, mantenha o seu lugar de deputado independente na bancada parlamentar daquele Partido. Falo do que li no Causa Nossa
escrito pelo próprio e aquilo que Vital Moreira aduziu em sua defesa e justificação.

Por um lado, é perfeitamente falacioso dizer-se que VJS se demitiu após votação para SG do PS e antes de se saber o resultado, para não se dizer ou deduzir que o seu acto tinha a ver com os resultados. Não é possível que toda a gente soubesse, menos VJS, quem ia sair vitorioso. Admitir isso é passar testemunho de menoridade a uma pessoa que se destaca como excelente analista político. A teatralidade da escolha do momento decerto não se verificaria se Alegre tivesse as hipóteses que todo o mundo sabia que não tinha. Ou então, o apoio de VJS a Alegre foi uma leviandade que pretendia ser cruel para o apoiado.

Argumentar-se que VJS regressa à qualidade de deputado independente com que entrou no Parlamento e que igual estatuto têm outros deputados pelo PS, é brincar com a substância das coisas. Um independente é-o enquanto é. Depois de aderir, saindo, deixou de poder retomar a virgindade de origem. Passa automaticamente à qualidade de ex. É uma opção sem retorno. Como acontece à donzela, depois da primeira noite a dormir com o namorado. Em VJS, há um acto de rotura partidária e a manutenção de um lugar na bancada parlamentar do partido que se renegou. Simples, se não complicarem.

VJS até podia dizer assim:

- Saí do PS. Mas fico como deputado. Pronto, então vá.

E eu encolhia os ombros, tanto mais que já vi coisas bem piores. Desta forma, a justificação soa a areia deitada para os olhos.

Entendo que VJS devia abandonar a bancada parlamentar do PS. Mas por outros motivos. Acho que faz falta ao jornalismo. Mais falta no jornalismo que a curtir contradições de coerência lá nos Passos Perdidos.












publicado por João Tunes às 15:50
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CUBA

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Eu não sei se aquelas grades são feitas de esquerda.

Também não sei se o chão daquelas celas tem mosaicos de igualdade.

Muito menos adivinho se a luz coada daqueles pátios das prisões canta a internacional.

Impossível saber se a comida dada àqueles presos por delito de opinião sabe a causas proletárias e depois apetece levantar o punho fechado.

Até nem sei se a falta de liberdade em Cuba custa menos que noutro sítio qualquer.

Como também não sei se ser torturado por um pide cubano, em vez de doer, dá ganas de libertar o mundo do imperialismo.

E se ter um ditador tão antigo e tão teimoso, é coisa boa e vacina contra os males da globalização, diminui o número de mísseis que Bush manda disparar e baixa o perigo de Bagão aumentar os impostos.

Apenas sei que, pensando em Cuba, ia sentir-me infame se não pensasse em Raúl Rivero e nos seus companheiros.















publicado por João Tunes às 12:57
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SEM

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Que me desculpe o compadre Isidoro
mas não resisto à transcrição deste naco:

é o que está a dar o iogurte magro a política do centro do meio a cerveja sem álcool o fato às riscas o tabaco sem nicotina a saúde moderada nas taxas a barba de três dias a guerra a computador a loucura sem maluco o bronzeado sem sol o ps sem socialismo o sexo na net o patrão sem rosto a falsa calvície a choruda reforma sem bulir o leite línea a corveta sem inimigo a música spunc spunc spunc spun a situação sem oposição o café com ermezetas o psd sem social-democracia a linguiça sem gordura o pc sem proletários as bicicletas estáticas o ministério da defesa sem tropa a maltosa a comprar a crédito a agricultura sem couves o presidente inodoro a comunicação social do umbigo o robalo de aviário a aviar o bagão sem tostão a canja sem ovinhos amarelos os mestres-escola sem a dita o aborto defendido por abortos e os abortos pela vida as câmaras sem ar o padre sem vocação o maluco sem loucura o livro sem papel o queque sem chá enfim o triunfo do lights

Que delícia de prosa. Tão quanto é desesperante este neutralismo sem gordura, sem nicotina, sem cafeína, sem álcool, sem valores, sem alegria, sem galhardia. E se não nos pomos a pau, por este andar ainda temos uma sociedade com 0% de pessoas por se achar que elas fazem mal à saúde. Uma sociedade sem. Até sem estômago para levar um murro e arrepeiar caminho. Mas os culpados têm nome, somos nós.




publicado por João Tunes às 12:06
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