Quinta-feira, 4 de Novembro de 2004

OLHO VIVO PARA O NEGÓCIO

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É a lei da oferta e da procura. As lembranças dos mitos rendem. Então, há que não perder tempo. A hora de chorar a perda do líder é boa para o negócio, todos vão querer uma lembrança-ícone em casa. É o comércio. É a vida. É o comércio da vida.

publicado por João Tunes às 15:05
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A UM AMIGO

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Li isto e fiquei abananado. Foi como um murro no estômago. Um homem bom está a passar um mau bocado mas tem a coragem de partilhar a sua inquietação e a sua esperança. E é meu amigo. Eu sou amigo dele. Além da estima que me merece, sou um admirador dos seus talentos. Mas, mesmo que talentos não tivesse, seria sempre um homem bom. Bom e solidário. Como poucos que conheço.

Estranhei o seu blogue nos últimos tempos. Inquietei-me. Tentei ligar-lhe mas o telefone estava desligado. Mais inquieto fiquei. Procurei saber dele junto de amigos comuns. Disseram-me que estava de férias, descansei. Sei agora que não esteve de férias.

Que posso fazer para sacudir a minha aflição? Partilhar, com ele, a solidariedade da esperança? Sim, isso mesmo. E roubar-lhe a última das suas flores publicadas para a plantar aqui.

Um grande abraço, amigo e artista Victor.







publicado por João Tunes às 00:28
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Quarta-feira, 3 de Novembro de 2004

E AGORA?

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O desgosto para com a reeleição de Bush, percebo-a bem. Também é meu. Mas há que ter senso e fair-play democrático. O mundo não acabou, minhas senhoras e meus senhores. Agora, se o mundo da paz e do progresso se tornou mais frágil, ou continua frágil, com a reeleição de Bush, a solução não está em procurar bodes expiatórios mas sim em fortalecer as causas e as frentes de progresso. Exigindo o primado da democracia em todas as partes, sem lhes conferir critérios ideológicos ou de comunhão de causa. Combatendo as violações aos direitos humanos, lutando pela liberdade de expressão, expurgando os regimes em que não se governa sob a legitimidade do voto livremente expresso. Pondo-se termo a alianças, de facto ou tácitas, em que, explicitamente ou por omissão, se aceitam parcerias de causas ou se praticam silêncios de conivências, que mais não fazem que meter a serpente no campo democrático. Colocando a prática democrática como valor fundamental para merecer a concordância ou o silêncio (contrariado ou não). Uma prática que não está questionada nas eleições americanas. Pelo que, o resultado daquelas eleições, só por si, é mais saudável para o mundo que qualquer boa causa obtida fora da legitimidade do sufrágio.

A América foi atacada e sabemos que vai voltar a sê-lo. Tem o direito de se defender. Deve defender-se de acordo com as regras internacionalmente consagradas e instituídas. Submetendo-se à soberania da ONU, como qualquer outra nação. Devemos repudiar todo o abuso de força que a América use para se defender. Mas não pode questionar-se o direito americano ao uso de legítima defesa. Porque a América foi atacada e voltará a sê-lo.

Podemos não gostar da América, mas não podemos pedir-lhe que se vergue, desapareça ou, pior de tudo, que seja uma outra América que não a América que os americanos querem. Enquanto o poder na América tiver legitimidade democrática, a América só pode e só deve ser o que os americanos quiserem.

Julgo que a América se assustou com as serpentes que boa parte dos democratas europeus deixaram aninhar-se no seio do protesto anti-Bush. Porque essas serpentes, não visando só a América, têm a América como alvo principal. E, no mínimo também, foi indigno que se tratasse um regime democrático com um furor, uma acrimónia, um desprezo, como aquele com que, um pouco por toda a Europa, se tratou o Presidente dos Estados Unidos. E isso, tudo isso, ofendeu a maioria dos americanos. E, ofendidos, disseram que preferem Bush às frentes anti-americanas. Eu lamento mas entendo.

Um caso que me surpreendeu é a ira que se apoderou do estimado Causa Nossa
, normalmente sereno e objectivo nas suas ponderadas análises e opiniões. Acho que ali esquentaram as cabeças com o desgosto e desataram a disparar na caça aos bodes expiatórios. Já referi a sanha contra os judeus americanos por parte do Luís Nazaré. Pois, parece que distribuíram, entre si, as frentes de culpabilização. VJS dispara contra a aliança Bush/Putin, caracterizando os regimes americano e russo como “derivas antidemocráticas legitimadas pelo voto popular” (donde se depreende que, com Kerry, é que a América voltava ao seio das democracias). Vital Moreira culpa a direita evangélica. Mas, meus senhores, aquilo foi apenas uma escolha. Pelo voto. Ou seja, a mesma forma que se a rifa desse Kerry estaríamos todos calmos, felizes e a fazer a festa. Agora, deixemo-nos de teorias conspirativas e vamos lá a ver se tornamos mais forte essa coisa da democracia. Tão forte que contenha a tendência de Bush abusar da força.








publicado por João Tunes às 23:45
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PREGA-LHES COM A ESTRELA DE DAVID AO PEITO!

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Entre os europeus (e velhos democratas) anti-Bush vai o desconsolo. E o desconsolo é inimigo da calma do bom raciocínio. É mais que sabido. Os neurónios funcionam a uma rapidez tal que correm o risco de cair abaixo do razoável. Agora, procuram-se culpados, apresentem-se os culpados, os culpados pela desilusão.

Um companheiro da blogosfera, o meu estimado consócio Luís Nazaré, normalmente lúcido e fundamentado nas suas opiniões, mostra não se dar descanso enquanto não localizar os culpados pela derrota de Kerry, com identificação dos “grupos sociais, étnicos, confessionais, etários, económicos e por aí adiante” que contribuíram para a desilusão. Para já, propõe que se apure se a “comunidade judaica” norte-americana votou, como é suposto que votasse, no candidato democrata. Como se cada judeu americano não tivesse a liberdade de voto de qualquer outro cidadão. E a mesmíssima capacidade para mudar. Um judeu, um cidadão, uma opinião, um voto, como os outros, ou não? A que propósito vem a “comunidade judaica”? Os judeus são carneiros ou mais carneiros?

Se isto fosse escrito uns dias atrás, a Clara da Pluma Caprichosa tinha mais um nome para lhe chamar: anti-semita. Agora, com toda a propriedade, digo eu. Embora tenha a plena convicção que o Luís Nazaré não é anti-semita, tanta como a certeza que não há bruxas.

E ainda a procissão vai no adro…







publicado por João Tunes às 22:30
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OLÁ SHEIK

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Convém que nos habituemos a este simpático rosto. Um dia destes pode aparecer por aí a visitar Jorge Sampaio. Trata-se do Sheik Khalifa bin Zayed Al Nahyan, favorito na corrida à sucessão ao seu pai Sheik Zayed, o Presidente dos Emiratos Árabes Unidos, ontem falecido.

A votação é feita no competente Colégio dos Emires. O resto não risca, ou seja, não vota. Por ali, ainda (lhes) é suficiente a trilogia Islão + petróleo + feudalismo.



publicado por João Tunes às 18:33
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LÁGRIMAS AMARGAS DE UNS TANTOS CROCODILOS

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Difícil avaliar as motivações dos votos pró-Bush. O certo é que existiram e num quadro de aumento de afluência às urnas.

Haverão motivações domésticas. Embora, sobre isto, não veja como a maioria do eleitorado possa ter escolhido assim em função dos efeitos sociais da política da última Administração versus a Administração Clinton. Mas admito que, na pátria do capitalismo, a selvajaria capitalista seja um valor estimado.

Mas há, julgo que sobretudo, motivações externas, nomeadamente sobre o papel da América no mundo e a forma como ela é olhada e estimada (o ódio é uma estima de atenção). E aqui, julgo que a maioria dos americanos reagiu em defesa da sua auto-estima, projectando-a sobre o símbolo da sua representação.

Provavelmente, os Estados Unidos nunca tiveram, como Presidente, um ser que combinasse tão bem (melhor: mal) a arrogância agressiva com o desprovimento de discernimento. E que, no primarismo da expressão do poder e da justificação do poder, se prestasse a ser tão malhado. Só que, no tanto que se malhou em Bush, os americanos sentiram que se malhou na América. E a América é o país dos americanos. Logo, os americanos sentiram-se malhados. Pois, Bush foi o palhaço e o bombo do mundo. E as performances não precisaram de ser muito imaginativas para malhar em Bush, desembocando, bastas vezes, no fácil e no mau gosto de trazer por casa. E, assim, deu talento até ao cão e ao gato.

Depois, a América está ameaçada e vive no reflexo defensivo, rondando quase a paranóia, perante os perigos reais, mais os inventados. O certo é que ninguém gostaria de lhes estar na pele.

Por fim, tudo que não acredita no voto se empenhou na fé redentora do voto contra Bush. Saltaram directamente da manif para a fé democrática, na presunção que o resultado seria o mesmo. Quantas vezes de manifs em que se deram as mãos a aliados promíscuos que existem para combater a América. E dispensam o voto em Cuba mas acreditaram que a opinião do resto do mundo ia contagiar os americanos e ensiná-los a votar bem. Ou seja, votarem contra Bush, como sinal de que eles, os americanos, odeiam tanto a América e o seu Presidente, como qualquer anti-americano.

Por tudo isto, tenho para mim que, pela vitória de Bush a que deram um jeitinho, os anti-americanos bem podem limpar as mãos à parede. O primarismo deu borrada, como costume.













publicado por João Tunes às 16:32
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CAMINHO

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Caminhar é preciso. Mesmo que seja apenas um arrastar de marcha. Empurrada pela energia de pensar que a utopia, uma utopia de desejo, porque as outras estão mortas ou mal vivas, leva a um sítio. Há-de haver sítio onde chegar ou apenas para onde caminhar. Caminhemos. Depois (depois?), logo se vê.

publicado por João Tunes às 15:45
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ANTI-AMÉRICA

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Que se alegrem os anti-americanos. Bush ganhou.

publicado por João Tunes às 14:26
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Terça-feira, 2 de Novembro de 2004

SOLIDÃO

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Caminhar solitário numa estrada solitária, é dupla solidão. E se a solidão pode ser dupla, ela não tem duplo que nos substitua nas cenas que magoam. Sobretudo nas cenas em que magoa a ausência de cena por não se ver o fim da estrada.

Tramada a solidão quando solitária é a estrada.

Um gajo só devia sentir solidão quando estivesse parado no meio do trânsito de pessoas com pressa e na hora de ponta!





publicado por João Tunes às 23:45
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VOTOS E VOTOS

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Eu não sou americano. Nem anti-americano.

Mesmo que fosse anti-americano, continuava a não ser americano.

Como não sou americano (nem anti-americano), deixo os americanos decidirem pelos seus votos.

Eu faço votos para que Bush perca. Mas estes votos não valem um voto. Porque, mesmo acreditando no voto, eu não sou americano. Simplesmente, não voto. Porque não posso votar. Repito, não sou americano.

O mesmo com tantos outros que fazem votos para que Bush ganhe. E com outros que os fazem para que Bush perca. Quer dizer que os votos assim feitos assentam na convicção sobre o poder dos votos. No caso, os votos dos americanos.

Mas, não sei porquê, vejo aí gente demais que só acredita no voto se ele for contra Bush. Separam os votos e dão-lhes pontuação diferente. Se os americanos votarem Kerry, eles serão pró-americanos (na festa da derrota de Bush, depois volta a vaca fria). Se a escolha for Bush, voltam (continuam) a ser anti-americanos. Porque aquilo em que acreditam mesmo é que o americano bom, tirando o americano morto, é o que vota contra Bush. E até alguns dos que suspiram pelos votos contra Bush, acham que o voto não é necessário noutros sítios, desde que aí se seja contra Bush.

Gostava que Bush perdesse. Mas não sou americano. Nem anti-americano. Acredito no voto. Um homem, um voto. Cada voto, valendo um voto. E que deve ser o voto a decidir. Aceitando a vontade do voto. Na América porque do mesmo em qualquer parte, em todas as partes.













publicado por João Tunes às 23:11
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