![r2108824052[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/r2108824052[1].jpg)
A revelação-coqueluche desta campanha, em termos mediáticos, é, sem dúvida, Jerónimo de Sousa. E, assim, alguma razão terá Louçã para se queixar da perda de colo nos
media.
O relacionamento popular como se o PaÃs se tivesse transformado numa
Festa do Avante, os fatos de feira de subúrbio, os sublinhados através de ditos e provérbios, o vazio desesperante do discurso melódico-romântico dos
ontens que cantaram, o apelo nostálgico à tristeza dos excluÃdos, a cara larga com sorriso de fivela e a manápula de antigo
polÃcia militar, transformaram-no num estereótipo em que se reconhece na ribalta polÃtica aquele canalizador prestável que nos salvou a casa da ameaça de inundação quando uma torneira da cozinha deu o berro. Tornando num
facto excitante, para mais numa campanha sensaborona, a proeminência de um dos
do povo metido em altas cavalgadas polÃtica, à mistura com doutores e engenheiros. E o patético da sua perda de voz em pleno debate só veio realçar esse lado de
sociedade recreativa que Jerónimo introduziu na campanha, ou seja, a desigualdade social servida no banquete da alta polÃtica. Porque só um
pobre cairia ali no estúdio e em directo, derrotado pela afonia. E mesmo um
rico gosta de ter pena dos
pobres porque precisa disso para salvação da alma (desde que o pobre não lhe exproprie os bens, é claro).
Mas, no fundo, o
truque Jerónimo não passa de uma expressão da mais rotunda
duplicidade. Porque se a sua imagem
simplória passou e passa é porque a
marca PCP, que ele levantou à mais alta expressão façanhuda no último Congresso, levaram à expectativa de que dali ia sair agressividade e intolerância. Entrado em campanha, Jerónimo quis fazer passar a imagem do
duro dentro do Partido e
simpático e tolerante quando desce à rua. Ao fim e ao cabo, uma forma de
populismo. Porque deste há de todas as cores e também se pode pintar de vermelho.
De João a 18 de Fevereiro de 2005 às 17:23
Abraço, caro Raimundo. Nesta casa, és sempre bem aparecido.
De
RN a 18 de Fevereiro de 2005 às 02:37
OLá Tunes
Boa análise. A tragédia virou farsa. O tigre já foi tigre e infundia um terror pânico. E não era para menos se até comia criancinhas! Não à Bibi, mas entre duas fatias de pão, ao pequeno-almoço. Agora como o "tigre é de papel" todos acham gracinha. E para afinador de máquinas até acham que vai muito bem. Quem diria!.Tu é que os topas.
De João a 17 de Fevereiro de 2005 às 23:05
Benevolência e compaixão são sentimentos que o Jerónimo não se pode queixar deste "zangado com a vida" apresentado no Depósito Geral de Adidos (da blogosfera)... Sempre disse o que dele penso, agora contem-se os votos. Ele valerá o que valer.
Parece que o paÃs polÃtico foi acometido por uma pestÃfera benevolência em relação a Jerónimo de Sousa. Compaixão é algo que o próprio deve repudiar...
De João a 17 de Fevereiro de 2005 às 21:42
Caro Vitor, uma outra leitura a sua, no caso benevolente, que eu só posso respeitar. Abraço.
Reflexão válida, se bem que não a subscreva. Jerónimo de Sousa parece-me ser genuÃno, e não posso sonegar a surpresa que me invadiu ao constatar o nÃvel qualitativo do discurso de um homem que nunca cursou no Ensino Superior. Apesar de estar muito longe de me acoplar ao PCP, e ao Comunismo pragmático, louvo a evolução deste homem. Enalteço os auto-didactas, que olham para o caminho percorrido não com nostalgia, mas como júbilo por verificarem que muito há ainda para calcorrear e progredir.
Um abraço!
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