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Por regra, os estratagemas reproduzem-se: quando o PP é governo, saem as bombas da ETA; quando o PSOE gere as
tapas, avança a chantagem do PNV.
Este arco de confluência repetitiva pertence às origens da
deriva etarra (que foi criada, convém não esquecer, a partir de uma cisão na Juventude do PNV). O PNV sempre foi o representante da burguesia financeira e industrial basca, habituado a mamar hóstias nas missas de um clericalismo serôdio, enquanto conferia extractos bancários e a disfarçar o profundo racismo da
tradição e superioridade basca. A ETA foi uma deriva esquerdizante e paranóica, descontente com a propensão do PNV de tudo resolver numa mesa de negócios. No fundo, bem no fundo, o que a ETA acrescentou ao PNV foi a pistolada no lugar da reza do terço. E enquanto os do PNV são compulsivos no deleite com as suas contas bancárias, os da ETA chegam lá através do assalto a bancos. Os manda chuva do PNV pagam o
imposto revolucionário à ETA, os
etarras fazem a cobrança para comprarem dinamite. Uma comandita, pois são iguaizinhas as raízes reaccionárias, racistas e chantagistas. Em cada bomba rebentada pela ETA, há sempre um cheirinho de água benta aspergida pelo PNV.
A provocação do PNV ao governo Zapatero está a subir de tom. Uma forma de pressão para subir a parada dos privilégios bascos. Porque as pretensões apresentadas colidem com a Constituição. E quando se chega a este ponto, é porque se avalia que o negociante oposto é fraco. Para mais, o PNV sabe bem que apenas está a desencadear uma espiral em que os restantes nacionalismos e separatismos despontem pela Espanha fora, enfraquecendo o Estado, tornando-o mais fraco até ficar refém na concessão de privilégios. E o ponto crítico será quando se disser, preto no branco, aquilo que já está subentendido: a Constituição espanhola aplica-se a Madrid.
E a bola começou a rolar. Desde logo, no acentuar das diferenças
bascas. Os de cima a meterem Navarra na Euskadi. Os de Navarra a dizerem: nem pensar e viva o Reino de Navarra. Depois, os catalães à espreita e a representarem a moderação (com o Zapatero amigo a dar-lhes bocados do Arquivo de Salamanca). Enquanto os radicais catalães apregoam a Catalunha com Valência lá metida dentro. E os de Valência: somos o glorioso Levante, não somos catalães. Etc e tal. Mais os andaluzes e galegos a verem no que param as modas. Enquanto as tendências centralistas e autoritárias, metem brasas no lume para atiçar a
fraqueza do PSOE e o Rei vai indo à bola e suspirando por netos varões.
E a ETA a deixar ferver o caldo. Até achar que lhe chega a hora, constatando que a Al Khaeda não lhes faz todo o trabalhinho acordado.
A seguir, com atenção e preocupação. Na esperança que Zapatero, embora nada pareça, é mesmo um génio político e solte coelhos guardados na cartola.