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Sob o título
O Espectro do Bloco Central, o
Manuel Correia (cujo regresso às lides se saúda) postou sobre as questões cruciais das políticas de alianças e do fantasma do regresso à fórmula do
Bloco Central. E levanta questões pertinentes sobre os bloqueios que incapacitam entendimentos à esquerda.
De facto, e apesar de muito badalado, não acredito num entendimento PS/BE, mais por parte dos bloquistas e para não perderem o património do seu crescimento moderado que, aos olhos do Bloco, permitem conservar radicalidade e poder de atracção. Quanto ao PCP, as possibilidades nunca estiveram tão afastadas como agora, retomando-se a velha dicotomia revolução/contra-revolução. E com uma campanha da CDU a transformar o PS em
bombo de festa, com propostas datadas em 1975, como se augura pelos primeiros passos da pré-campanha, então tudo tenderá a piorar. Aliás, se o PCP desistiu, de facto, de tentar inverter o declínio eleitoral, procurando conservar a maior parte dos cacos da loiça partida, é porque a opção por responsabilidades de governação foi afastada.
Com a
alternativa de esquerda (em termos de governação) reduzida ao PS, com ou sem maioria absoluta, torna-se confuso o que vai sair daqui. E não vejo que se possam afastar os cenários levantados por Cravinho e lembrados pelo Manuel Correia. Nem uma ingovernabilidade que leve à reedição do
Bloco Central (com o PSD de volta à cátedra, pelo menos, de Cavaco), nem a hipótese, teórica mas não descartável, da deriva presidencialista, sob o mando (e manto) messiânico do Professor Cavaco.
E tudo pode passar pela tendência de Sócrates em deslocar-se para a direita, sentando-se no eleitorado social-democrata (chamemos-lhe assim) que foge de Santana e de Portas. Num quadro em que as
alianças de esquerda se impossibilitam, o PS só se aguenta no balanço com uma
política de esquerda, mobilizando a esquerda, e neutralizando, assim, a
oposição de extrema-esquerda. O problema está também na disponibilidade também do PS (mais do que a de Sócrates) em preferir um
perfil de esquerda à mera contabilidade comezinha da distribuição do poder, dos poderes e dos jobs. Para mais, quando a
facilidade com que a direita se desacreditou promete entregar-lhes o poder de mão beijada. Ou seja, em que medida o
PS profundo vai puxar Sócrates para a
esquerda ou para o
centrão. E o
guterrismo, se é que faleceu, não desapareceu há tanto tempo que a memória não o tenha bem presente.