
Pois estava a mula que carrega a
Guida, meio patareca e em trabalho de coices de impaciência nos semáforos de Montemor, e eu, ladinamente competitivo, a dar ordem de paragem à Diligência frente ao Coreto do Vimieiro. Depois, direito que nem um fuso, trepei a Rua do Laranjal e plantei-me frente ao portal cor de sangue de boi onde o
compadre Isidoro montou sacerdócio de vira para o bem com a vida. Sempre levando à ilharga os meus bons e queridos amigos
Ana e
Manuel que se prestaram a emparceirar na prova dos acepipes da
Sulitânia. Escaldado que estava de falhada tentativa anterior em dia de culto mariano, dei graças de ver a porta em convite de entrada.
Alapados, votámos rapidamente, por unanimidade e aclamação, a escolha
migas com tomate (miolos de tomate, chama-se lá) a acompanhar
carne de alguidar. E, para regadio, um tinto da região, mais que indicado para a prevenção dos acidentes vasculares. Tudo à maneira e a merecer estalos de regalo. E a apoteose estava guardada para o fim, como é juz de qualquer apoteose que se preza, com a vinda da sobremesa (laranja com azeite e mel) e a companhia do compadre
Isidoro que nos honrou com a transformação do trio forasteiro em quarteto de conversa nada fiada. Estendeu-se conversa à solta, Alentejo e Moçambique como temas dominantes, desfiando paixões comuns (pela planície e por África, com gentes dentro delas), mas vistas e revistas sob os olhares exigentes de quem não enche olho sem complemento de ética e de respeito por valores, sobretudo se invocam alinhamento com o melhor dos lados. Que isto de se ser de esquerda não é albarda para qualquer maltês que queira suecar com o neo-liberalismo ou meter em jerónima salmoura o dogmatismo das ilusões com pés de argila.
Confirmei desconfianças. Aquele que é, cá no meu entender, o melhor prosador da blogosfera (falo do compadre
Isidoro), mostrou também manter pergaminhos na sua oralidade própria de excelente, culto e vivido conversador e nos sabores servidos na sua nobre
Sulitânia.
O regresso ficou ajuramentado e é para cumprir.