
Admirável a resenha cronológica que José Pacheco Pereira faz ontem, no
Público sobre a vida política de Mário Soares.
Estão lá as principais marcas, o percurso, as voltas e contra-voltas, os acertos e desacertos, a grandeza, a enorme grandeza da personagem.
A Cunhal, irão gabar para sempre a
coerência, pedestal em que o empoleiraram desde que deixou de ser uma ameaça política. Em Soares, as incoerências são mais que muitas. Porque viveu variados e contraditórios tempos, sempre na crista da onda do sentir, do pensar e das emoções.
Soares, uma personagem na História, a fazer História. Homem livre e livre das ataduras da teimosia coerente dos erros sem direito a palmatória. Sem Soares, o Portugal de hoje seria impensável. Com ele, temos País. Este País mal amanhado, um bocado de treta, mas País. Enquanto
sem a coerência de aço de Cunhal, Portugal seria menos versátil, menos
case study, mas bem melhor.