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O
Evaristo insurgiu-se contra o bate-papo com a
Lolita a propósito de Cuba e de Fidel e lavrou reparo e sentença:
“Na blogosfera assisto a uma discussão brava sobre o "Comandante Fidel". Se a discussão fôsse na "ala direita" ou nos "social-liberais", não faria aqui nenhum reparo. Mas trata-se de gente que estimo, que conheço através da escrita, gente que, para alem de outras qualidades ou defeitos, tem intuição, age em consciência, mostra-se perspicaz mas tolerante, é solidária, gosta de exprimir a sua opinião -- que é única, diferente, conforme a unidade de cada ser -- não podendo coincidir com a de outrem...”Donde depreendo que, segundo o
Evaristo, gentes da “ala esquerda” (?!), estimáveis ainda para mais, não deviam falar sobre Cuba, como se o assunto fizesse parte de património sacro-polÃtico comum. A preservar, pois claro. Ou a mumificar, talvez.
E, depois,
Evaristo explica, bem explicadinho, o conteúdo do tal
património cubano que devia unir (e calar) a “ala esquerda” (?!):
“Cuba resiste ao gigante... por uma questão de honra e orgulho. Há sempre quem proteste, quem pense em si mesmo, só em si, e esqueça os demais... Democracia só com liberdade para falar, não serve; o povo sempre falou, da vida, das colheitas, da casa, da familia... Mas há sempre alguem que quer mais, que olha para o "gigante" estrangulador. Cuba é pobre, mas tem honra. Merece mais, mas o "gigante" não deixa; quer a porta aberta para o McDonalds, a Coca-Cola, etc.
O povo cubano há-de ser livre, livre do bloqueio imposto pelo "gigante", há-de chegar esse dia. O que está a ser feito é cruel, atiça o nacionalismo, cria dificuldades económicas, dá aso a que, perante o desafio do "gigante", o poder endureça e não tenha tempo nem meios para atender as pretensões justas de alguns, mas irrelevantes perante os interesses da Nação.”E a isto, eu digo que com este
pensamento de esquerda nunca me irei entender. Estou algures, noutra barricada. Contra a justificação maniqueÃsta da ditadura cubana pelo estúpido bloqueio norte-americano (como se Zapatero não estivesse, como está, a também tratar dos interesses económicos espanhóis na Ilha). Contra o desprezo manifestado contra homens e mulheres de pensamento livre, aprisionados por causa disso, tão cubanos como Fidel, ao deles se dizer “há sempre quem pense em si mesmo, só em si, e esqueça os demais”. Contra os que acham que a liberdade ali não tenha cabimento porque a ditadura cubana “não tem tempo nem meios para atender as pretensões justas de alguns, mas irrelevantes perante os interesses da Nação”. Porque ouvi vezes de mais este discurso justificativo de uma ditadura, de outra ditadura.
Afinal, infelizmente, a questão da liberdade ainda continuará a ser o tema mais oportuno para “discutir à esquerda”. Talvez porque não pode ser, continuar a ser, assunto que separe “esquerda” da “direita”, oferecendo a esta a causa da liberdade. Talvez, finalmente, apenas para confirmar que não estou isolado quando penso, como penso, que não existem “ditaduras de esquerda” mas, apenas, ditaduras, merecendo sempre o (mesmo) combate de quem defende a democracia.
E quanto Ã
discussão brava, pode o
Evaristo descansar, brava estará a ser a conversa mas julgo que ninguém se zangou.