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Não há esoterismo, por melhor tricotado que seja, que consiga dar à volta a esta questão: não se pode estimar um ditador e ser-se contra as ditaduras. Sejam quais forem as afrontas para com o ditador, sejam quais forem as
causas do ditador. Muito menos se pode invocar a
coerência do ditador como valor de absolvição. Porque a
causa e a
coerência de um
ditador reduzem-se sempre, apenas, ao exercício e conservação da
ditadura. Um ditador nunca é
David. Pelo menos para o seu próprio povo, é sempre um
Golias. Válido para Hitler, Franco, Estaline, Salazar ou Fidel Castro.
O
problema cubano é a
ditadura que oprime os cubanos. O
ditador é o
infra-problema. Decisivo, como é próprio das ditaduras. Mais que decisivo, intrincado, porque sem resolver o
problema do ditador não se resolve o
problema da ditadura. No caso cubano,
ditadura que dura há 45 anos, o aproximar do fim do prazo de validade física do ditador, coloca a possibilidade (ou impossibilidade) de Cuba se ver livre, em simultâneo, do ditador e da ditadura.
A ditadura cubana tudo faz para que a
alternativa se confine à
máfia revanchista. Um problema a agravar o problema. A cubanos sensatos, capazes de equilibrarem o ódio pelo regime ditatorial com o afastar das vinganças, como Raul Rivero e outros companheiros de luta, devia ser-lhes dada força para se constituírem como
alternativa para a
transição. Nunca como moeda para pagar a chantagem de um ditador e de uma ditadura com ganas de se eternizarem.
É por assim pensar que considero de um esoterismo absurdo dizer-se:
Fidel, o orgulhoso Fidel, só cedeu quando quiseram falar com ele. A isto, chamam uns passadismo, obsolescência, alucinação. Eu, a isto, chamo só coerência. Porque, enfim, Zapatero ainda tem as suas egoístas razões de Estado para lidar como lida com Fidel os interesses da indústria hoteleira espanhola na ilha, os interesses da Repsol e outros, ou seja, a
desforra da humilhação de 1898.