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Embora, por vezes (vezes a mais), ferva em pouca água, na maioria dos casos dá-me para a calma olímpica. E, entre a fervura e a calma, a ira entra pouquíssimo. Nada mesmo quando perante afectos transformados em opções de gosto. Porque, aí, cada um sente o que sente e nadinha há a fazer. E até um não cego tem o direito de não querer ver. Como alguém sensível tem direito a recusar o sentir.
Uma velha pecha minha é, numa situação desigual, tomar partido pelo lado do preso e recusar um olhar de cumplicidade e de afecto para com o carcereiro. Então, quando se trata de liberdade de opinião, o tilintar das chaves do carcereiro e os risos sádicos do torturador são marcas que sinto na carne. Aí, só posso estar solidário com o libertário encarcerado. Uma escolha, sem necessidade de ira nas vinhas. Porque estar com os dois seria cobardia de Pilatos, fingindo gosto por
Mateus Rosé que só pode ser aceitável em quem se recusa a escolher entre branco e tinto, bebendo tudo que lhe metam à frente.
Isto tudo é para dizer,
só, que gosto de Raúl Rivero e detesto os seus carcereiros. Sem ira. É assim.